quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Conversa de cafés



Começo a ficar saturada da consciência do senso comum.
Hoje, o meu carro avariou e,  como acordei com o tempo calculado para a viagem de carro, não tive a possibilidade de ir para a faculdade.
Já que tinha acordado não ia voltar para a cama, obvio. Então decide-me a ir a um café tomar o meu pequeno-almoço.
Conclusão, estava eu a comer descansada da vida quando uma fulana se decidiu a fazer as suas interpretações sobre os beneficiários de qualquer tipo de rendimentos.
“Isto é tudo uma pouca-vergonha, anda esta gentinha a receber dinheiro sem exercer uma actividade. Os rendimentos deviam ser todos cortados porque é uma falta de respeito andarem a receber o dinheiro dos nossos descontos para a boa vida e rejeitarem empregos. Na minha altura não existiam subsídios. Ou se trabalhava ou não se recebia, ponto. ”
Uma outra senhora responde:
“Mas a senhora não pode falar desse modo. Porque não conhece a situação das pessoas e sabe muito bem que uma pessoa, por exemplo, de 50/60 anos muito dificilmente consegue voltar a trabalhar. Esta vida está difícil e se não fossem as reformas como podiam garantir o seu dia-a-dia?”
A outra responde:
“No tempo que eu já vivi, a uns largos anos atrás, ninguém estava seguro com reformas, pensões ou qualquer outro tipo de rendimentos. Tinham de trabalhar e se não o fizessem limitavam-se a não receber. E anda muita juventude atrás dos rendimentos e a fazerem-se de coitadas para receberem o RSI. Como lhe disse uma pouca vergonha…”
Eu disse: “Chega…” e saí muito perturbada e revoltada com a mentalidade desta gente. Ninguém se dá ao trabalho de ter um pouco de conhecimento em vez de falar por meias palavras, por aquilo que lhes disse o vizinho? Por favor… todos temos, graças a deus, um cérebro que nos permite adquirir inteligência. Claro que nem todos somos iguais mas todos temos capacidade para pensar.
Mas que pessoas são estas que só olham para o seu umbigo? O que seria da população se não existissem, de facto, estes pilares da sua sobrevivência? É preferível ficarmos todos abaixo do limiar de pobreza? O que aconteceria com o social?
Este tipo de pessoas pensa apenas por si. Porque felizmente não têm histórias de vida complicadas que as sujeitassem a um estilo de vida crítico, carenciado de qualquer tipo de ajuda da segurança social. E, já que falo de segurança social, se realmente a população deixasse de beneficiar de esse tipo de subsídios ou seja, se desaparecesse a dita cuja SEGURANÇA SOCIAL, o que seria do nosso país? Gostam da ideia de maior criminalidade? Insegurança? GUERRAS CIVIS?
Por favor. Não sou obrigada a suportar este tipo de pensamentos. Muito menos este tipo de comentários sem fundamentos, ou melhor, sem conhecimento cientifico. As pessoas limitam-se a julgar e não tentam perceber as causas de tais situações.

3 comentários:

Coelha disse...

Pois é... Há casos e casos amiga. E tu sabes bem disso. A revolta está no sabermos que muita gente beneficia desse tipo de rendimentos por pura preguiça de por o corpo a trabalhar, o que no fundo só estao a tirar o dinehiro a quem realmente necessita, e os deveria receber merecidamente.
É pena que nao se mudem as puliticas sociais deste país. Porque os novos nao devem ser ajudados financeiramente, mas sim encaminhados para o mundo de trabalho.
Quem necessita aí sim, deve ter direito a uma vida digna como qualquer outra pessoa.
Tu tens a visao apaixonada da tua futura profissao, eu tenho a visao realista de tudo que assisto em casos que eu, tu e toda a gente conhece.

Daniela Oliveira disse...

Coelhinha entendo o teu ponto de vista. Mas, sinceramente, não sou apologista da tua ideia inerente à minha visão. Eu sou apaixonada e, à medida que o tempo passa, ainda mais cativada fico pela suposta profissao que irei exercer. Mas, tb sou realista e tanto tu como eu sabemos que os casos não se podem generalizar. Existe, sim, população beneficiaria de um certo tipo de rendimentos que por vezes pode ser incorrecta ou injusta mas, cada caso é um caso e eu não suporto as pessoas que falam com o senso comum apurado que, pura e simplesmente, olham para todos como iguais, rotolando as pessoas. Nao aceito porque muita gente está a viver periodos de vida muito complicados e de facto o mercado de trabalho nao esta facil para ninguem. E, neste caso em particular, a senhora estava a criticar não so os beneficiarios de rsi como outras pessoas com qualquer outro tipo de rendimentos. No caso dos reformados por ex. enfim... se tivermos oportunidade ainda discutimos isso, aqui é complicado.
amote amigona:)

Coelha disse...

puliticas? Uiii que se passou Coelha Maria? Santissimo como tu andas...